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Arquitetos: Agustín Berzero, Manuel Gonzalez Veglia, Tectum arquitectura
- Área: 54 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em Córdoba, Argentina, em um terreno com quase 45º de inclinação, com o som do rio e vistas para as serras e copas das árvores, o projeto se desenvolve. Uma casa para viver, trabalhar, escrever. Um ambiente de solidão e tranquilidade que permite recuperar a capacidade de trabalho filosófico. Em um jogo de opostos complementares, ela se apoia apenas em patas.
Enquanto seu corpo é pesado, sua coroação é leve. Por vezes aberta, ganha as vistas e permite a entrada do sol. Também é fortemente fechada em busca de uma conexão interior. Uma arquitetura que valoriza a paisagem. O acesso é feito de cima, pela rua, através da cobertura que não ultrapassa o ponto mais alto do lote para não interromper as vistas.
Percorre-se gradualmente um caminho contemplativo até entrar pelo nível mais baixo. É essa implantação que, por sua vez, permite descer para o próprio terreno natural. De geometria clara, um muro de contenção que resolve o local de chegada em relação à montanha. Uma ponte se desprende e conecta. Estreita, sua pegada é quase como a de uma "cabra" na mesma cota. Vertiginosa como sua topografia, empilha o programa habitando em diferentes alturas desde sua cobertura até o solo.
De fora, o material único. Uma obra rígida que emerge do contexto. É o concreto armado que resolve tudo: a estrutura e o espaço, a relação com o solo e com o céu. Suas paredes ganham um acabamento áspero capaz de evidenciar a passagem do tempo e imprimir na obra o clima e os tons do próprio local. Por dentro, o espaço adquire escala e tensão. Suas proporções singulares, mudanças de altura, aberturas absolutas ou fechamentos completos, revelam ou escondem a paisagem.
Revestido completamente em madeira, um material quente em contraposição à face de fora áspera, o interior deixa quem entra perceber seu perfume tão particular. Habitando na altura da copa das árvores, uma área de estar, comer, cozinhar e despertar conecta-se com a paisagem. Em contraste, um mezanino introvertido, de planta livre e suspenso sobre o vazio total. É iluminado de baixo para cima (luz nadir) criando um ambiente que favorece a introspecção daqueles que o utilizam.
Um lugar para escrever e ler, propondo outra relação com a passagem do tempo ao desconectar-se do externo, em uma viagem com seu próprio interior. Longe de ser uma construção frágil, como uma nova peça na montanha, sua síntese formal é acompanhada de uma simplicidade material.
Recorrendo a uma tecnologia elementar e "feita à mão", a proposta se reduz a poucas operações valorizando a paisagem em uma atitude respeitosa. O projeto não transforma a topografia natural e propõe diferentes situações em uma série de "espécies de espaços" externos e internos, íntimos ou abertos onde tudo acontece enquanto o ar e a água continuam correndo sob a casa.